Neste mundo de profundas
transformações no cenário econômico,
político, tecnológico e social, as incertezas, os riscos e as oscilações do
mercado tornam-se fatores que para alguns são ameaças e, para outros,
oportunidades.
A especulação gerou muitas riquezas
para diversos investidores e foi por muitos anos o freio de mão que atrasou o
desenvolvimento econômico de nosso país. Hoje a especulação ainda mantêm-nos
travados, sucumbindo qualquer avanço – por exemplo - na esfera tecnológica,
deixando nosso país anos luz atrás de outras potências econômicas suficientes
para desenvolver as novas tendências que farão parte do nosso cotidiano nos
próximos dez anos (tendências essas que ainda, reforçamos, não foram
inventadas).
O vento que sopra para uma direção
pode ser oportuno para um ou ameaça para outro. Na antiguidade, os navegantes
costumavam dar nomes aos ventos que enfrentavam nas longínquas viagens oceano
afora. E todo vento que ajudava a caravela a conduzir-se à direção do porto na
qual os navegantes tinham como ponto de chegada, eles davam o nome ao vento de Ob portus (do latim, ao porto).
Mais tarde, com as variações da linguagem, a expressão latina ob portus
foi utilizada como estrutura radical da palavra oportunidade, que faz jus ao seu real significado de vento favorável ao porto.
Dentro dessa dinâmica, as
oportunidades, ou seja, os ventos que fazem essas incertezas e riscos
acontecerem, podem ser vistas como um sinal positivo para chegarmos –
definitivamente – aos patamares que tanto precisamos para ser referência
mundial não só no futebol, mas também na capacidade de gerarmos riquezas
palpáveis para a economia, tecnologia, cultura, educação, saúde, infra
estrutura e segurança.
De nada vale investir cifras
expressivas, por exemplo, na educação se o aluno não identifica oportunidades
naquilo em que se aprende; de nada vale investir
em infra estrutura se não houver redução na carga tributária possibilitando que
nossos produtos e serviços sejam mais competitivos; de nada vale investir em
patrulhamento pesado a nossa segurança se a desigualdade não permite com que as
camadas mais desfavoráveis da nossa sociedade enxerguem oportunidades a sua
frente; de nada vale qualquer partido
político investir milhões de reais em campanhas eleitoreiras se não houver propostas
realmente transformadoras para o nosso país; de nada vale investir em saúde se
não houver conscientização da qualidade de vida; de nada vale qualquer oração
suplicante se não houver um mínimo de praticidade.
O mais lamentável é que, a cada
manhã, uma nova oportunidade, ou seja, um novo vento vem com tudo para
empurrarmos ao desenvolvimento, mas não pode ser aproveitado devido a outros
ventos maiores que insistem fazer a nossa caravela voltar para trás ou girar em
um incansável redemoinho.
Não trata-se de um artigo
pessimista, muito menos de um artigo cético sobre qualquer possibilidade de
mudança, mas já está na hora de (re)pensarmos sobre qual é a prioridade que
precisamos para o nosso Brasil; qual
vento oportuno aproveitar; não deixar com que as campanhas lunáticas, sobretudo
em tempos de Copa do Mundo, ofusquem as reais necessidades do Brasil. Pelo contrário, que eventos como a Copa do Mundo possa ser um vento oportuno para
alguma espécie de desenvolvimento econômico, um avanço cultural e as mais
diversas oportunidades que o brasileiro poderá aproveitar com essa chegada de
tantas nacionalidades (riquezas) ao nossos portos.
Precisamos sempre ter foco:
olhar sempre a frente, para o porto de chegada.
Com essa ambição e muita
disciplina, alunos focando em seus estudos, maiores incentivos a nossa
economia, segurança e políticas públicas lado a lado, verdadeiras propostas
transformadoras, maior qualidade de vida e mais prática do que teorias,
certamente, absorveremos muitas oportunidades que levarão-nos a diversos portos
referenciais de progresso.
Cabe a mim e a você decidirmos
para onde queremos que os ventos oportunos nos levem. Pois, já dizia o poeta
Fernando Pessoa: “Navegar é preciso”.